a lua de ontem
desfez-se
partiu
tu sabes que a lua parte todas as noites
no grito dos silêncios ocultos
e das palavras mal amadas
a lua de ontem
era cheia
só para mim
tu pensas que a viste
mas ela ontem foi só minha
e eu recusei-me a partilhá-la
a lua de ontem
foi brilhante
como nós
o universo cobriu-se de palavras
e pensei por momentos que as disse
mas nem as disse nem as pensei
apenas as escrevi,
como sempre
e tu voaste por entre as sombras
dos espaços abertos
para me sussurrar ao ouvido
o que escreveste
- o que escreveste
como se fosse uma pergunta
uma resposta à pergunta
nem pergunta nem resposta
um gesto casual de palavras soltas
do amor desenganado de quem escreve só
acompanhado ao papel pela tinta e a caneta
música
letras escritas, sonoras
que não querem sair
nem querem ser tuas
querem ser simplesmente minhas
lua
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