sexta-feira, 2 de outubro de 2009

20 pt

amanhã
vou escrever-te
quando leres
vais saber que é para ti
ontem
escrevi-te esta carta
quando a leres
vais saber que é para ti
porque hoje é ontem
e amanhã
foi ontem que te escrevi
o que lês amanhã
não faz sentido
nem te interessa
por isso lês
como tantas outras letras
que te empurram
eu e outros
e tu lês
como quem quer mais
não podes deixar de ler
e quando adormeces
perguntas-te porquê
sonhas com estrelas
com luas
com novos sonhos
sonhas sonhos dentro dos sonhos
que se repetem
amanhã
vou escrever-te
sonhos que se repartem
como frases sem sentido
que te distraem
na abstracção pura
encontras um estado maior
aquele
do qual
não queres
sair
ontem
escrevi-te
acordo-te dos teus pensamentos
vazios
encho-te de nada
porque é o melhor que tenho
para te dar

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