sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

83 pt

escrever
simplesmente escrever
para mim
e talvez para ti
escrever para o mundo e para ninguém
simplesmente escrever
pelo prazer de estar sentado
em silêncio
sem música
lembrando-me do som
de um pé que ao longe bate
suavemente
lembrando-me que devo escrever
mais
e melhor
para ti
naufrago no barco que me leva
naquele que escolhi pelo nome
num porto naufragado de uma costa sem peixes
num mar repleto de histórias e de passado
vou para outro mar
numa maré cheia de gente
que pensa levar-me às costas
para um sítio perdido
quando perdido estou eu já
de amores por ti
e perdoa-me
amar-te assim tanto
e de tanto te amar
não te amar mais que tudo
e mesmo assim pensar
por muito que te ame
amo-te demais
mas já não importa
já me são inúteis as palavras
caído na desgraça da paixão
queimado no teu fogo
deliro
é febre, seguramente

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